Nosso sítio
leva o nome do meu avô, Manoel Bonfim. Escravo no Estado de Sergipe, veio para
Niterói trabalhar na antiga Fazenda do Engenho do Mato. Em Niterói a família
cresceu e lutou pelos direitos dos trabalhadores da fazenda. Na década de 50 a Fazenda Engenho do Mato
foi à falência e todas as famílias foram perseguidas e forçadas a deixar as
terras. Representantes da massa falida da fazenda, ligados à especulação
imobiliária que loteou todo o bairro, atearam fogo na casa de trabalhadores e
destruíram nossas plantações. Mas nossa família, junto a outros trabalhadores,
lutou e resistiu. Com essa luta foi construída a primeira Reforma Agrária do
Brasil, ocorrida aqui no Engenho do Mato.
Assim, todos
os colonos receberam pequenos sítios na parte alta da fazenda, recebemos estas
terras das mãos do Governo do Estado e mantivemos nossa luta. Graças à
consciência destes pequenos sitiantes, o Engenho do Mato se tornou um lugar
preservado e de grande importância cultural. A preservação ambiental praticada
desde sempre por nós, possibilitou a criação do Parque Estadual da Serra da
Tiririca. Hoje, seguimos lutando pelo meio ambiente e por nossas terras.
Existem pessoas que defendem a saída das comunidades tradicionais da Serra da
Tiririca. A especulação imobiliária e os poderosos que a defendem por dentro do
Estado não admitem a nossa presença e a nossa resistência cultural e em defesa
do meio ambiente. A preservação real do meio ambiente e da cultura local
depende da permanência das comunidades e qualquer tentativa de impedir isso
representará um retrocesso para as cidades de Niterói, Maricá e para a cultura
nacional.
Vamos juntos
nessa luta em defesa da verdadeira preservação ambiental e cultural de nossa
região!
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