Poder ao povo negro: a
juventude e trabalhadores (as) !
Racistas não passarão!
Na ultima semana perdemos Claudia. Mulher negra, trabalhadora, pobre,
assassinada brutalmente pela policia e arrastada como um pedaço de carne por mais de 200
quilômetro. O Amarildo foi um dos casos de maior destaque, de mais um
trabalhador negro, morto pela policia, e descartado como entulho, pelos mesmos
algozes. Douglas, jovem negro da periferia de São Paulo, morto por policiais,
que não foram capazes de responder a
pergunta: “porque o senhor esta fazendo isso?”
Infelizmente, não são casos isolados. Trata-se de uma politica de estado
de extermínio da população negra, que criminaliza a pobreza e de modo racista
aponta os que devem ser exterminados (as). Importante alguns dados, ainda de
2011, mas que mostram a gravidade da
nossa situação, que mesmo 126 anos depois da abolição, ainda não foi capaz de
garantir a emancipação real destes sujeitos.
Segundo o IBGE, dos 14 milhões de
analfabetos no Brasil, 70% são negros. As mulheres negras chegam a ganhar 70 %
a menos que o homem branco. Entre os anos de 2001 a 2011, ocorreram 522 mil
homicídios, algo como cinco guerras do Iraque, segundo a Unesco. As vitimas são jovens moradores de áreas
urbanas, e na ampla maioria negros. Em 2011, segundo dados do ministério da
justiça, a probabilidade de morre um jovem negro chegava a ser 127% maior do
que um jovem branco entre 15 e 25 anos de idade.
Em todo o Brasil a nossa população carcerária passa dos 500 mil
detentos. Vivenciamos o encarceramento em massa, principalmente de mulheres que
cresceu mais de 60% nos últimos anos. Por isso que os ladrões de 6 galinhas
estão no presidio, enquanto os verdadeiros criminosos de colarinho branco riem
a custas da guerra entre os próprios trabalhadores.
O estado racista e os limites
do lulismo
Estes dados são reflexos do Estado racista, que mesmo quando forja
espaços para garantir avanços, nos direitos sociais do povo negro, capitula a
politica escravocrata das elites nacionais. É só olhar o Estatuto da Igualdade
Racial, aprovado em 2010 no governo Lula, que apenas reforça o velho mito da
democracia racial. Por conta dos acordos e negociações no parlamento burguês o
texto do estatuto exclui: a politica de cotas, o direito a titulação das terras
quilombolas, o direito a pratica e a liberdade religiosa de matriz africana, e não
faz menção a politica publica de segurança nacional que genocida o povo negro.
O lulismo em 8 ano não foi capaz de avançar nestas bandeiras de modo
significativo, ao ponto de garantir melhores condições de vida para esta
parcela da população. Mesmo a politica de cotas casadas, raciais e sociais,
ainda se mostram aquém da demanda. Esta politica, sobretudo nas universidades
deve ser acompanhada de bolas assistências, de pesquisa e de permanência, dos
mesmos nestes espaços. Isso sem falar que a politica de cotas é um meio, e não
o fim. A luta pelo fim do vestibular, apartheid social e racial, e por uma
educação universal, publica, gratuita e de qualidade, é a única solução
possível para este problema.
A esquerda brasileira necessita travar uma luta pelo fim do genocídio da
população negra, como eixo central, a capaz de unificar todos os setores, para
além das diferenças, e fortalecer a luta coletiva contra o estado racista. É
necessário resgatar a identidade negra, como elemento revolucionário!
Guerra ao tráfico e ao crime
Para não resolver a desigualdade social fruto do próprio capitalismo, a
burguesia emprega então essa guerra as drogas, inclusive aplicando à essa
guerra o combate ao tráfico de "drogas". Mas porque determinadas
drogas são ilícitas e outras lícitas? Porque será que apenas nas periferias os
jovens que consomem drogas são perseguidos e assassinados pela PM?
Se estivessem interessados mesmo em discutir e resolver a questão das
drogas - enquanto um problema de saúde, e não de segurança pública - a
descriminalização e legalização das drogas com controle do Estado seriam o
caminho para o debate menos moral e perversamente racista.
E somos nós militantes do movimento negro quem devemos empunhar essa
bandeira ao lado de nossos irmãos, irmãs e jovens da periferia que são
assassinados e encarcerados diariamente.
E a violência: O debate sobre a
desmilitarização...50 anos da Ditadura, nunca mais!
A luta pela desmilitarização deve ser empunhada fortemente pelos
movimentos sociais, e hoje o movimento negro tem uma tarefa central ao pautar
por ser auto-organização daqueles que mais brutalmente sofrem o peso da
repressão policial. Essa bandeira como uma luta transitória para a construção
de um controle operário sobre a violência do Estado, construindo uma estrutura
de defesa de classe, e no nosso caso, controlada democraticamente na defesa da
classe trabalhadora. Sabemos o papel da polícia militar, herdeira do legado da
ditadura militar, e estruturalmente ligada à manutenção da burguesia no
controle do Estado Burguês.
E a Copa ?
Em ano de Copa do Mundo, não é possível nos furtar do debate da
violência e da prostituição. Ataques as mulheres, sobretudo as pobres e negras,
mais vulneráveis aos aliciamentos e recrutamento para a indústria do sexo. É só
olhar Berlim e África do Sul, países sede das copas anteriores, que se
transformaram em prostíbulos ao seu aberto com a conivência do Estado. É
necessário iniciarmos uma campanha para denunciar esta violência e impedir que
nossas mulheres sejam as novas vitimas dos megaeventos.
Contudo, depois de Junho de 2013, os trabalhadores não repousam mais
pacificamente em suas casas aceitando tranquilamente a exploração diária que
lhes é imposta na sua rotina casa-trabalho, trabalho-casa. Tirar as lições de
junho, é compreender que as ruas são o nosso palco, o espaço em que deveremos
colocar as nossas pautas e garantir nossa soberania. Desde 2013, revoltas
contra o assassinato de jovens nas periferias, das repressões aos rolezinhos,
revoltas nos metrôs e terminais de ônibus, as novas investidas para
implementação de UPP nos morros do Rio de Janeiro tem sido reprimido pelo povo,
povo que caracteristicamente tem a cor da pele preta, e não à toa.
Por isso defendemos que este
encontro deve se posicionar:
Chega de genocídio e encarceramento em massa!
Pelo fim da criminalização da pobreza!
Pela
valorização da cultura negra!
Pelo fim da guerra às drogas!
Pelo fim da polícia militar da ditadura! Desmilitarização já!
Por um
encontro nacional dos movimentos de Junho para armarmos a juventude e os
lutadores!
Por uma
campanha do conjunto da esquerda de combate a violência contra a mulher e de
denuncia da mercantilização do corpo da mesma, sobretudo a partir da
prostituição e trafico de mulheres!
Pela
politica de cotas nas instituições publicas e universidades: pelo fim do
vestibular e pela universalização da educação pública, gratuita e de qualidade!
Pela
regularização das terras quilombolas!
NEGROS E
NEGRAS DO CONSELHO POLÍTICO DO MANDATO DO PAULO EDUARDO GOMES/RENATÃO DO
QUILOMBO - LRS-REAGE SOCIALISTA/PSOL